A sociedade moderna, impulsionada pelas novas tecnologias, nos oferece um fluxo constante de informações. As redes sociais, principalmente, nos entregam conteúdos curtos e envolventes (ou viciantes?) a todo instante. Essa facilidade de acesso nos acostumou – ou nos obriga – a consumir informações de forma rápida e fragmentada.
A própria popularização dos smartphones e a internet 5G facilita esse tipo de consumo fácil, acessível, a qualquer hora e lugar.
E, nesse contexto, os vídeos curtos se encaixam perfeitamente.
Mas como fica a comunicação mais profunda num mundo onde a imagem vale tanto, mas dura tão pouco? Como tirar proveito dessa nova onda? Ainda há espaço para os vídeos longos?
Diante dessas e outras perguntas, conversamos com Zeca Florence, COO da VJam, agência de comunicação e marketing digital parceira da GWA e compartilhamos na integra aqui.
GWA: Às vezes, temos a sensação de que as coisas são muito mais imagem do que conteúdo. Se todo mundo faz, você também tem que fazer?
Zeca: Neste caso, é o “famoso” depende. No contexto geral, é bom, pois a sociedade hoje consome muito mais vídeos do que há cinco ou dez anos, então como estratégia para atingir a maioria das pessoas a resposta é sim. Todo mundo está fazendo vídeo, é importante fazer, sim. Mas nem tudo o que todo mundo está fazendo é o melhor para o meu negócio, para sua marca. Então, é principalmente uma questão de ótica, de saber se o seu publico vai entender melhor um vídeo, ou algo mais estático ou apenas um texto.
GWA: Não usar vídeos pode ser ruim para a sua imagem? Ou ainda há espaço pra ser diferente?
Zeca: Eu acredito que sempre há espaço para ser diferente. Às vezes queremos complicar, mas fazer o arroz com feijão pode ser a melhor solução. Nesse sentido, o digital é muito bacana, porque permite o erro, permite testes. No fim, tudo é uma questão de testar o melhor modelo.
GWA: Há plataformas diferentes para tipos de vídeos diferentes?
Zeca: Sim, mas quase todas estão seguindo um padrão de experiência do usuário. Já percebemos que dentro do ambiente mobile, o famoso “arrastar o dedo pra cima” para assistir um vídeo é uma tendência. Isso foi testado, vem de diversas teorias de universidades norte-americanas, e essa mecânica “prende” mais a pessoa dentro daquela rede social. Então, esse é um formato que vai ser usado por quase todos, inclusive o LinkedIn passou a ter vídeos nesse formato de reels também, que veio lá do Tik Tok, e o Instagram copiou pouco tempo depois.
Mas cada plataforma tem o seu tipo de vídeo, por exemplo, no Youtube, são vídeos mais longos, mas agora também tem os shorts, que são aqueles vídeos curtinhos. As próprias plataformas estão se adaptando para atender os diversos tipos de públicos e mensagens.
GWA: Você comentou do Youtube. E os vídeos mais longos?
Zeca: Os vídeos mais longos têm o seu papel hoje em dia muito na questão de educação, de aprendizado. Mas, de fato, os vídeos mais curtos têm tomado mais a atenção das pessoas, porque hoje em dia nossa sociedade é impaciente, os jovens, a geração Z, até Millenialls talvez, não têm mais paciência para ficar escutando, vendo a mesma coisa por muito tempo. Os vídeos têm que ter um chamariz, ter alguma coisa que prenda a atenção, se não, ele vai de “arrasta pra cima”.
Voltando a questão do vídeo longo, ele tem uma função muito mais educativa, com certeza, e também pode ser usado a favor do SEO do Google. Para quem quer monetizar canal no Youtube, por exemplo, o vídeo longo tem sua função, pensando na métrica de tempo de visualizações.
GWA: Quais as melhores práticas para produzir vídeos curtos e longos de alta qualidade?
Zeca: No mundo corporativo, as melhores práticas para produzir tanto vídeos curtos quanto longos, são ter um bom equipamento, ou seja, uma câmera ou um celular que grave em alta qualidade (4K), ambientes agradáveis, com boa iluminação, áudio impecável, com bons microfones, e evitar locais com muito ruído e poluição visual. E, claro, ter um bom roteiro e personalidade.
GWA: Quais as métricas mais importantes para avaliar o desempenho dos vídeos?
Zeca: Falando sobre métricas hoje, a principal delas em relação a vídeo é o tempo de visualização. Mas esse vídeo pode ter “aceitação” com uma curtida, um comentário ou compartilhamento, então, de novo, depende do objetivo da campanha. Se estamos falando de uma campanha de performance no digital, por exemplo, e eu divulguei um vídeo de 15 segundos que é para a venda de um determinado produto, pouco importa se a pessoa assistiu três segundos ou até o final. O que vai importar é se ela clicou no botão de comprar que foi junto com a peça.
GWA: E você acha que a gente deseja mesmo esses vídeos mais curtos, escolhemos ativamente esse tipo de consumo, ou somos apenas “vítimas” desse sistema?
Zeca: Acredito que seja um mix de cada coisa. A sociedade foi se moldando a ter – ou por ter – muita informação ao mesmo tempo, ou seja, ao mesmo tempo em que a pessoa está assistindo televisão, ela também está no celular. Na rua, ela é impactada por uma mídia Out Of Home, ela vê um painel de LED, um banner, é muita informação ao mesmo tempo, e talvez isso tenha nos acostumado muito mal. Não sei se eu chamaria de vítimas do sistema, mas uma parcela da população escolheu isso e outra parcela foi obrigada a entrar na onda.