A dinâmica do mercado global cada vez mais instável desafia as empresas a interpretarem novas tendências e alinhar, quase que diariamente, às expectativas com os seus diversos públicos de interesse, sejam eles internos ou externos à companhia.
Agora, soma-se a essa equação, uma preocupação com o que é devolvido para a sociedade. Ou seja, de que forma as empresas podem usar seu poder para um bem maior. E o fato dos efeitos das mudanças climáticas estarem sendo cada vez mais sentidos, cobra-se também mais velocidade nas mudanças que precisam ser feitas – tanto por nós, consumidores, quanto pelas empresas.
Na outra ponta, governos estão fechando o cerco e aumentando impostos de negócios que prejudicam o meio ambiente, e, em paralelo, concedendo isenções ou financiamentos com juros menores para quem adota boas práticas, criando caminhos para renovações estruturais e de propósito.
O grande ponto, portanto, é que lucro e propósito não devem ser analisados separadamente. Há que se ter uma conexão para que ambos sirvam de bússola nas tomadas de decisão e na adoção de práticas mais sustentáveis e socialmente responsáveis. Toda essa movimentação gera frutos, seja na atração e retenção de colaboradores, inovações em médio/longo prazo, melhoria da imagem, mitigação de riscos reputacionais e, talvez ainda mais importante, o fomento de um ambiente mais saudável para qualquer negócio – e não apenas o seu.
CEOs e a Relevância do Propósito
Para muitos CEOs, o propósito é um pilar estratégico. Essa perspectiva é apoiada por pesquisas da Harvard Business Review, que mostram que empresas com uma forte conexão com seu propósito superam o desempenho das empresas sem essa clareza de visão. Os CEOs veem que o propósito não é apenas uma tendência passageira, mas uma necessidade estratégica para enfrentar os desafios contemporâneos, como a sustentabilidade ambiental e as mudanças sociais progressivas.
Atualmente, inúmeras empresas já incluem matrizes de riscos climáticos em seus balanços trimestrais, como forma de mitigar impactos em razão de suas operações. O Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD) – Grupo de Trabalho sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (em tradução livre), por exemplo, fornece informações aos investidores sobre o que as empresas estão fazendo em relação ao aquecimento global, por exemplo.
Recentemente, o banco suíço Julius Baer deu mais uma prova de que o caminho já está sendo traçado. Segundo o seu Relatório Global de Riqueza e Estilo de Vida, a sustentabilidade desempenhou um papel maior nas estratégias de investimento em 2024 para quase todos os considerados super-ricos na região da Ásia-pacífico, Oriente Médio e América Latina. Investimentos mais responsáveis foram feitos nessas três regiões, com a maioria dos super-ricos revisando seu portfólio para entender o impacto de seus investimentos, com uma orientação ESG significativamente maior do que na Europa e América do Norte.
Não há dúvidas de que ainda temos muito a conquistar, mas também está claro que sabemos para onde ir.