22 de novembro de 2024

A revolução da Inteligência Artificial no jornalismo global

É “chover no molhado” dizer que a inteligência artificial (IA) vem revolucionando a forma como enxergamos o mundo, e o jornalismo não é exceção. Essa revolução tecnológica está transformando a maneira como conteúdos são criados, entregues e consumidos. É importante, portanto, entender as tendências e como as IAs podem contribuir com o universo jornalístico, mantendo a essência do toque humano, indispensável para a credibilidade e ética característica do bom jornalismo.

Grandes empresas de tecnologia, como OpenAI, Google e Microsoft, têm trabalhado em parceria com organizações de mídia para treinar modelos de linguagem usando arquivos de notícias. Um exemplo é o RCS MediaGroup, responsável por publicações como Corriere della Sera, da Itália. Ao integrar um assistente virtual com IA no aplicativo L’Economia, a empresa oferece aos leitores uma experiência personalizada, incluindo pesquisas, resumos e acesso a mais de 30 mil artigos.

Outra inovação que está redefinindo o cenário jornalístico é a criação de imagens e infográficos com IA. Ferramentas que transformam texto ou dados em visuais de alta qualidade não apenas economizam tempo e recursos, mas também tornam o conteúdo mais acessível e atraente.

Ferramentas baseadas em IA também ajudam muito na transcrição de entrevistas e áudios. Soluções como o Jojo da VG – grupo de notícias norueguês – transformam áudio em texto com rapidez e precisão, mesmo em condições desafiadoras, reduzindo significativamente o tempo de produção de matérias.

Além disso, tecnologias de conversão de texto em fala oferecem narrações realistas e traduções em tempo real, ampliando o alcance das publicações para audiências globais. Essas inovações permitem que redações otimizem seus fluxos de trabalho e se concentrem no conteúdo criativo e analítico.

Um olhar para o Brasil…

Aqui, desde a febre do ChatGPT, o uso de IAs Generativas passou a ser tema de debates entre os profissionais do jornalismo. Em uma pesquisa realizada pelo grupo de Tecnologias, Processo e Narrativas Midiáticas da ESPM-SP, em parceria com o Jornalistas&Cia, buscou-se entender e mapear as preocupações sobre o uso da IA na prática jornalista.

O estudo foi conduzido de 19 de dezembro de 2023 a 24 de fevereiro de 2024, por meio de um questionário online que contou com a participação de 423 jornalistas de diversas regiões do Brasil.

A pesquisa revelou que 56% dos jornalistas utilizam IA em suas atividades jornalísticas, embora 38,3% dos respondentes tenham expressado discordância parcial ou total com o uso da tecnologia. Os jornalistas utilizam a IA principalmente na produção de conteúdo (53,9%), seguido pela apuração (27,2%), distribuição (20,1%) e operações comerciais (14,9%).

A pesquisa também destaca exemplos específicos de utilização da IA, como otimização de processos, produção e edição de textos, e automação de tarefas. Outros 26,5% dos jornalistas afirmam não usar IA de forma alguma.

Além disso, 76,5% dos profissionais não receberam treinamento sobre o uso da IA, indicando uma falta significativa de capacitação na área. A pesquisa aponta uma lacuna notável no treinamento sobre IA, com 69,2% dos jornalistas afirmando nunca terem recebido treinamento específico. Essa falta de capacitação é percebida mesmo entre aqueles que utilizam a IA regularmente.

Quando questionados sobre a possibilidade de se capacitar para o uso de IA, dois terços (66,9%) dos jornalistas consideram a possibilidade, enquanto 20,8% veem alguma impossibilidade.

A pesquisa revelou, ainda, uma divisão de opiniões sobre os impactos da IA no mercado de trabalho jornalístico: enquanto mais da metade espera impactos positivos, uma grande maioria (68,3%) teme cortes de postos de trabalho devido à tecnologia.

Analisando, agora, os veículos de comunicação brasileiros, temos alguns indícios do emprego de IAs no dia a dia das redações. No Estadão, por exemplo, um comitê se reúne semanalmente para estudar IAs em todas as dimensões, do jurídico ao editorial. Além disso, o jornal está em fase final de testes na integração de API do ChatGPT com seu chatbot. E, ainda, existe a possibilidade de personalização de conteúdo com adaptação rápida para públicos distintos. Na redação, os jornalistas têm utilizado a tecnologia mais para a pesquisa e estruturação de reportagens. A empresa não autoriza a publicação de conteúdo produzido ou modificado por IA em qualquer uma de suas publicações.

Já o jornal O Globo, utiliza a Inteligência Artificial na recomendação de conteúdos para seus leitores do site e em newsletters temáticas. Na redação, os jornalistas não utilizam IA para gerar matérias ou imagens, exceto nos casos em que a reportagem trate da IA e, sempre, com o leitor sabendo do uso da tecnologia tanto no texto quanto numa eventual imagem.

No Valor Econômico, a IA captura os assuntos que estão sendo mais falados na internet naquele dia, direciona e aponta caminhos para que aquilo possa ser explorado pelo jornal. A tecnologia também é usada para buscar títulos mais clicáveis, ainda que nem sempre eles sejam usados.

É possível perceber que a IA funciona quase como uma reunião de brainstorm, muitas vezes, apenas entre você e a máquina. Mas traz novas ideias e abre possibilidades!

Referências:

https://www.meioemensagem.com.br/midia/jornais-revistas-inteligencia-artificial
https://www.terra.com.br/byte/tecnologia-e-solucoes/maioria-dos-jornalistas-brasileiros-ja-usa-ia-aponta-pesquisa,ca15f5e3d42f099c66e308eb0b968dc0dotnacxm.html#google_vignette
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